sábado, janeiro 22, 2005

I CAN'T TAKE MY EYES OFF OF YOU

I´m so sorry!! Diria Morrisey!

Mas o problema é que depois de um filme quase perfeito não poderia ser diferente.

O filme é quase perfeito, e só é quase porque é um filme!

Droga de diálogos perfeitos, é uma das coisas que mais encontro nos últimos tempos, seja em filmes, seja nos encontros.

O filme foi Closer e sem dúvida foi o filme errado para essa noite. Era tudo que você não queria ver e com certeza eu não queria ver ele do seu lado. Não porque foi ruim ou fraco ou qualquer coisa do gênero. Foi simplesmente porque fez com que pensássemos. Não sei se você parou para pensar ou não, mas se alguém estivesse me analisando veria o quando ele mexeu comigo, com sua história tão natural que chega a ser ridícula de comum, com seus diálogos beirando a perfeição.

Mas sem dúvida o que me esperava depois dele é que foi o problema. Primeiro, você me perguntando se eu gostei, eu achei FANTÁSTICO, e apesar de 3 longnecks, não foi por causa do álcool, foi porque eram diálogos verossímeis, possíveis, quase reais.

Segundo, quando você disse que o cara (Jude Law no caso) era um otário. Tive que concordar com você.

Terceiro, você me perguntando o que eu queria fazer depois, se queria ir a festa que você ia. A resposta era sim, claro, mas não seria pela festa, seria por você, seria para ficar com você mais um pouco e isso não seria justo, comigo, por isso não fui. Como sempre, fiz o queria fazer, fui onde queria ir, e há uma grande contradição nisso, não há???

Estou apaixonado por você, não é amor, é aquele desejo que sempre sinto do novo, da beleza e da inteligência, e isso é muito ruim porque prova que ainda não aprendi nada, continuo o mesmo burro emocional que meu amigos já conhecem. Talvez esta seja a minha eterna repetição, talvez precise de mais uns anos de análise, ou de um milagre mesmo.

Nada de novo no front a não ser talvez, que agora apesar de tudo eu ainda consigo me divertir mesmo querendo estar em outro lugar com outra pessoa. A novidade é não precisar encher o saco dos meus amigos contando as mesmas coisas de sempre, sobre perfeições inventadas, idéias irrealizáveis, sonhos infantis, que não cabem mais nestes dias de luta.

Gostaria de ter escrito uma resenha assim que sai do filme. Teria saído um texto longo e profundo, mas provavelmente com pouco sentido. Meus sentidos ficaram abalados enquanto assistia, minha perna não parava quieta, eu realmente estava sendo atingido pelo que estava assistindo e ouvindo. Muito mais que em Antes do Por do Sol.

Mas já não guardo muita coisa em minha memória, que está cada vez mais seletiva, cada vez mais curta. Não tomo remédio para a memória, o que apreendo é o que me atinge de uma forma inconteste, lembro de coisas do trabalho, de sensações que passei a muito e pouco tempo e lembro um número de telefone que daria tudo para esquecer. Ultimamente lembro demais de quão próximas e distantes as pessoas podem viver. Zona norte, zona sul, leste ou oeste, a mania mesmo é se encontrar no centro, no centro de tudo.

A mania é tentar entender o que se passa na minha cabeça, é identificar, explicar, racionalizar, projetar, planejar, o duro é executar.

Falar é fácil, fazer é outra história. Sou o homens das histórias, sou o louco que inventa as minhas próprias histórias para não precisar estar na realidade. O louco das coisas sem noção, da música alta, dos instrumentos invisíveis, das heroínas perfeitas, dos filmes nos cinemas, dos personagens nos livros.

Nunca consegui ler Don Quixote porque sou o próprio, com tantas Dulcineias, tantos moinhos de vento, e um monte de fiéis escudeiros que tantam me mostrar que moinhos de vento não são feras, ou dragões a serem enfrentados, e que as Dulcineias que invento são tão normais e complicadas que não precisam ser salvas por ninguém nem precisam de ajuda, a não delas próprias se quiserem.

Adoro livros, cinemas e principalmente músicas. Perfeições de 3 a 4 minutos. Histórias que tem começo e fim e que fazem sentido apenas quando estão envoltas de notas, poucas, muitas, todas, algumas e que atingem você diretamente no seu cérebro, sem pasar por muitas traduções, ou interpretações. A música e seus sons é o que traduz as letras a ponto de algo que aparentemente não tem sentido algum lido secamente, faz você achar que encontrou a quintessência, o quinto elemento, o sentido de toda a sua existência, tudo isso em formato pop de 3 a 4 minutos.

Me falta a trilha sonora porque você eu já encontrei e já vou dizer adeus, em 3 ou 4 minutos perfeitos, para mim.


The Blower's Daughter - DAMIEN RICE

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

Um dia e meio - LÔ BORGES
(Lô Borges – Chico Amaral)

Eu passo o dia inteiro imaginando
O lado da cidade em que você está
Um dia inteiro e meio levantando
Metade da cortina pra te ver passar
Do outro lado da cidade
Talvez na zona norte ou na zona sul
Debaixo da janela a realidade
Das ruas disparando na manhã azul

Então qual é o sentido
Da linha que me liga a você
Eu já podia ter ido
Não fosse tão difícil saber
Tudo bem, yeah yeah
Outra vez!
Tudo vem
Tudo

Eu passo o dia inteiro alimentando
A fome dos pardais daquela praça sim
Porque eu também dependo das migalhas
Que de repente você vai jogar pra mim
Do outro lado da saudade
Se esquiva nas esquinas desse mundo atroz
Qualquer segundo é uma eternidade
Qualquer eternidade já passou pra nós

Então qual é o sentido
Da linha que me liga a você
Eu já devia ter ido
Não fosse tão difícil saber
Tudo bem, yeah yeah
Pode esperar

Nunca se Sabe – ENGENHEIROS DO HAWAII
(gessinger)

sei que parecem idiotas as rotas que eu traço
mas tento traçá-las eu mesmo
e, se chego sempre atrasado, se nunca sei que horas são
é porque nunca se sabe até que horas os relógios funcionarão

sem dúvida a dúvida é um fato, sem fatos não sai o jornal
sem saída ficamos todos presos, aqui dentro faz muito calor
sempre parecem idiotas as rotas que eu faço
sempre tarde da noite

e se ando sempre apressado, se nunca sei que horas são
é porque nunca se sabe, é porque nunca se sabe

nem sempre faço o que é melhor pra mim
mas nunca faço o que eu não tô a fim de fazer
nem sempre faço o que é melhor pra mim
mas nunca faço o que eu não tô a fim...

não quero perder a razão, pra ganhar a vida
nem perder a vida pra ganhar o pão
não é que eu faça questão de ser feliz
eu só queria que parassem de morrer de fome
a um palmo do meu nariz

mesmo que pareçam bobagens as viagens que eu faço
eu traço meus rumos eu mesmo (a esmo)
e se nunca sei a quantas ando, se ando sem direção
é porque nunca se sabe, é porque nunca se sabe...

nem sempre faço o que é melhor pra mim
mas nunca faço o que eu não tô a fim de fazer
não viro vampiro, eu prefiro sangrar
me obrigue a morrer, mas não me peça pra matar...